INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, houve uma profunda mudança na maneira de construir, pois antigamente as alvenarias eram utilizadas como elemento resistente e de vedação e a sua estabilidade e resistência eram definidos em função de sua geometria.
Com advento do concreto armado, ocorreram profundas alterações no comportamento das alvenarias. Hoje, os edifícios são mais altos e esbeltos, a concepção privilegia grandes vãos, há menos pilares e as lajes apresentam espessura reduzida. Essas ,características, sem dúvida, trouxeram implicações e tornaram as estruturas mais deformáveis, em paradoxo, com o advento de blocos vazados, tanto de cerâmica como de concreto mais resistente e dimensões maiores, o que reduziu a capacidade das alvenarias absorver as deformações. De fato, isso colaborou para o surgimento das patologias sem que estas mudanças fossem estudadas.
O que é alvenaria?
Entende-se por “alvenaria” a associação de um conjunto de unidades de alvenaria (tijolos, blocos, pedras, etc.) e ligante(s) que resulta num material que possuiu propriedades mecânicas intrínsecas capaz de constituir elementos estruturais. Nas alvenarias antigas, as unidades de alvenaria eram , vulgarmente, a pedra ou o tijolo cerâmico, eventualmente reforçadas com estrutura interna de madeira.
Classificação das Alvenarias
A classificação tipológica tem como objetivo facilitar a percepção do comportamento mecânico-estrutural e a origem das patologias. Para o efeito é possível agrupar paredes com idênticas características morfológico-construtivas, com respeito, nomeadamente, às unidades de alvenaria, às características de assentamento, às características do(s) ligante(s) e, fundamentalmente, às características da secção transversal, para definir tipologias de paredes. A análise da seção desempenha um papel fundamental no estudo das propriedades e comportamento das alvenarias pelo que uma classificação mais geral apenas se refere às características da secção transversal, nomeadamente, ao número de paramentos e ao seu grau de sobreposição.
Os tipos de classificação essencial são dois:
- Paredes de Vedação
- Paredes Estruturais
PATOLOGIAS DE PAREDES NÃO ESTRUTURAIS
No caso das paredes, entenda-se pois, por agora, como patologia não-estrutural aquela que corresponde a paredes das quais não depende diretamente a estabilidade de outros elementos construtivos. Esta opção resulta menos clara, do ponto de vista da designação, para as situações em que os defeitos das paredes não-estruturais resultam do deficiente.
Erros Humanos Comuns
- Dificuldades na concepção do projeto;
- Problemas originados por erro na fase de execução;
- Má utilização após a execução.
Ações Naturais
- Ações físicas (vento, temperaturas externas, presença de água, etc.);
- Ações Químicas (oxidação, carbonatação, presença de água, presença de sais, chuvas ácidas, reações eletroquímicas, radiação solar);
- Ações Biológicas (vegetais, animais,
Desastres Naturais
- Sismos, ciclones, tornado, tempestades marítimas, tsunamis, erupções, avalanche, deslizamento de terras, etc
Desastres por Causas Humanas
Fogo, explosões, choques, inundações, etc.
FISSURAÇÃO DAS PAREDES DE ALVENARIA NÃO ESTRUTURAL
Passo a citar causas de fissuras em paredes de alvenaria não estrutural. Estas causas são observáveis em paredes correntes executadas com os mais diversos materiais, mas é possível identificar um número reduzido de patologias que são exclusivas - ou têm manifestações particulares - de alguns tipos de materiais:
- Recalques diferenciais de fundações - Acomodação diferenciais de fundações diretas, Variação do teor de umidade dos solos argilosos, heterogeneidade e deficiente compactação de aterros;
- Cargas Externas (sobrecargas) - concentração de cargas e esforços;
- Deformabilidade Excessiva da Estrutura - Pavimento inferior mais deformável que o superior, pavimento inferior menos deformável que o superior, pavimento inferior e superior com deformação idêntica, fissuração devida à deformação de consolos, fissuração devida à rotação do pavimento no apoio;
- Variações Térmicas - fissuração devida aos movimentos das coberturas, fissuração devida aos movimentos das estruturas reticuladas, fissuração devida aos movimentos da própria parede;
- Variações de humidade - movimentos revertíveis e irreversíveis, fissuração devido à variação do teor de umidade por causas externas, fissuração devido à variação natural do teor de umidade dos materiais, fissuração devida à retração das argamassas, fissuração devida à expansão irreversível do tijolo;
- Alterações Químicas - hidratação retardada da cal, expansão das argamassas por ação dos sulfatos, corrosão de armaduras e outros elementos metálicos;
- Ação Gelo Degelo - fissuração devido a condições climáticas muito desfavoráveis, fissuração devida à vulnerabilidade dos materiais;
- Outros casos de fissuração - ações acidentais (sismo, incêndios e impactos fortuitos), retração da argamassa e expansão irreversível do tijolo, choque térmico, envelhecimento e degradação natural dos materiais e das, estruturas, paredes de blocos de betão (situações particulares), revestimentos, paredes com funções estruturais.
PATOLOGIAS EM PAREDES ESTRUTURAIS
Relativamente às patologias interessa identificar e distinguir entre patologias inerentes ao comportamento estrutural (aspectos relacionados com a concepção/construção) e patologias inerentes ao comportamento da alvenaria como material (dependente das características dos materiais utilizados, das técnicas construtivas, da tipologia da secção, etc.).
No entanto, as patologias nas alvenarias estruturais manifestam-se, geralmente, como uma combinação destas vertentes, sendo por vezes difícil atribuir-lhes uma origem específica.
As principais patologias das alvenarias, como material estrutural, relacionam-se frequentemente com:
- fraca resistência à tração;
- resistência à compressão muito dependente, do volume de vazios e, no caso, de paredes compostas, do grau de confinamento dos paramentos;
- fraca resistência ao corte;
- mecanismos de ruptura frágil.
As patologias em paredes, como elemento estrutural, relacionam-se com fenômenos de instabilidade, local ou global, associados, geralmente, à:
- deficiente integridade estrutural (fraca ligação entre elementos estruturais);
- fraco embeiçamento na secção da parede;
- esbelteza excessiva;
- deficiente contraventamento;
- reduzida ductilidade.
Esses fatores explicam porque as fissuras constituem um estado patológico bastante comum
em estruturas de alvenaria.
FISSURAÇÃO DAS PAREDES DE ALVENARIA ESTRUTURAL
A fissuração pode ser considerada como causa mais frequente de falha de desempenho da alvenaria. As fissuras , entretanto , prejudicam , a estética , o conforto do usuário , a estanqueidade da construção , ou seja, as condições de serviços deixam de ser atendidas.
Com base nas causas de fissuras em alvenarias apresentadas, pode-se classificá-las em basicamente em três tipos: efeitos externos, mudanças volumétricas dos materiais e interação com outros elementos estruturais.
Os efeitos externos compreendem principalmente a atuação das cargas variáveis e movimentação das fundações .
O segundo tipo de classificação, refere-se às mudanças volumétricas, provocadas por retração, mudanças de temperatura e de umidade, etc. A interação da alvenaria com outros elementos estruturais causam fissuras, quando tais elementos retraem-se ou dilatam, ou quando induzem a deformações excessivas na alvenaria.
Fonte:
PATOLOGIA DAS ALVENARIAS
Causa / Diagnóstico / Previsibilidade
JULIANA BORGES DE SENNA VALLE
______________________________________
Outros Artigos Interessantes:
Sem comentários:
Enviar um comentário